Vida Maçonica de Henrique Ellery

Em fins de 1937, logo após o Golpe de Estado, foram interditados os Templos maçonicos, verdadeira calamidade para a Grande Loja do Ceará, ainda incipiente e atravessando muitas dificuldades.

A sede fechada, o Templo sem poder funcionar, os arquivos da Grande Loja e das Lojas apreendidos pela polícia, causou desânimo geral. Apesar de os arquivos não terem sofridos qualquer dano enquanto apreendidos pela polícia, após autorizada a reabertura dos Templos, nem todas as Lojas conseguiram reativar seus trabalhos. Desorganizadas umas, abandonadas outras, muito difícil ou quase impossível seria dinamizá-las todas.

Foi nessa situação de dificuldades, que Mateus Coutinho, em 20 do junho de 1941, passou o supremo malhete às mãos do Grão Mestre eleito, Henrique Ellery.

A Grande Loja recuperava-se aos poucos, conseguindo o Major Ellery, como era chamado pelos amigos, reunir em torno de si, graças às suas qualidades de espírito e de coração, um grupo de maçons vontadosos, à altura das dificuldades do momento.

Os contemporâneos relembram com entusiasmo a campanha que Henrique Ellery promoveu, no sentido de saldar as dividas da Grande Loja, que não eram poucas e quase todas oriundas da construção do Templo. O prestígio pessoal e a confiança que inspirava, tornaram-lhe possível solucionar as dificuldades.

Henrique Ellery deu inestimável impulso às relações entre as Lojas da Capital e as do interior. Frequentava ele, assiduamente, as seções ordinárias de todas as Lojas de Fortaleza. Sempre presente, podia dinamizar Lojas e Maçons, na execução de suas iniciativas.

Acompanhado de comitivas numerosas, promovia visitas às Oficinas mais distantes. Graças às suas qualidades pessoais, simpático, espirituoso, simples e bom, tornou-se possível a ampliação dos quadros das Lojas. Foi nesse período que os maçons desfrutaram de um ambiente da mais cordial fraternidade.

O falecimento de Henrique Ellery abalou a cidade. Seu sepultamento realizado com o cerimonial maçônico, constitui-se um fato ainda não visto em Fortaleza.

Em 15 de novembro de 1948, a Loja Fortaleza prestou-lhe  uma justa homenagem, inaugurando a herma que repousa a frente do Templo da Grande Loja.

(Trecho do livro GRANDE LOJA DO CEARÁ - de Mário Behring a 1977 - João César)

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